Estou a olhar para casa, sozinho.
Podia ser um dia igual a tantos outros de uma rotina a dois, em que eu regressaria sozinho a casa, mas hoje está diferente. Desta vez, está a pesar o dia. Desta vez estou a voltar a uma solidão que eu ousei acreditar que já não voltaria a sentir.
Enganei-me.
Onde vou colocar sete anos? Como vou acreditar que vou ser capaz?
Recordo o dia em que me apaixonei por ele. Recordo o momento antes de o assumir, em que decidi "ele vale a pena", "quero apostar nisto". Lembro-me de panicar e ter de improvisar na mudança dos meus planos de regresso a Portugal para iniciar esta história, mas essa transição levou tempo e curiosamente tinha aquele ouvinte de desabafos diários durante seis meses. Sem compromisso ele ficou ali a acreditar em mim e eu vim.
Gostava de ser aquele rapaz robusto, aventureiro que lhe poderia dar um mundo de experiências turísticas, simples, marcantes como ele bem adora, mas o rapaz mentalmente esgotado que ele encontrou estava no limite das forças e gastou as últimas que tinha para jogar tudo ao ar e recomeçar do zero em Portugal.
No meio do regresso. No meio do papel que deveria ter assumido junto do meu irmão e fracassei, ele foi sempre a energia positiva na minha vida. Mesmo que tudo o resto não estivesse bem. Foi-o em várias ocasiões estes anos todos.
Sabem? Ele salvou-me várias vezes.
Salvar-me da Suíça foi a sua primeira proeza.
Naquela primeira Passagem de Ano nunca esquecerei o à vontade com que me apresentou aos seus amigos e juro que nunca vou esquecer o brilho nos seus olhos quando contou que eu sabia do seu segredo e o aceitava assim mesmo. Como não? Ele é perfeito para mim e eu sempre fui guerreiro; como não poderia torná-lo meu e protegê-lo com tudo?
Pensei eu...
Rapidamente aprendi a mudar os meus ideais de relação e imagens de uma vida a dois, e confesso que cada ideal alterado foi um desafio que humildemente aceitei por querê-lo tanto. Mas contrariamente ao que ele pensou, isso criou desde cedo em mim um desejo de protegê-lo com tudo o que tinha.
Lamento!
Lamento, que eu não tenha vindo curado da Suíça e que os primeiros meses ele me tenha ajudado a recuperar o meu sonho, a recuperar de uma depressão enorme que eu trazia e que só muito mais tarde veio a piorar antes de se curar.
Ficará sempre na minha memória a experiência que lhe dei de viagem à Suíça. Quando estava lá comigo, aquela rotina e aquele martírio até não eram assim tão maus. Na Suíça consegui logo perceber a sua simplicidade e ter a certeza, sem verbalizar, que queria que ele fosse meu.
Ali, não só me conquistou a mim, conquistou o meu bichinho, ela estava convencida e ele aceitou o amor e dedicação que eu tinha por ela.
Aprendi que ele não gosta de comida picante, aprendi que adora bebidas conhecidas de vertentes diferentes e que até não se importa de provar tudo, aprendi que ele é guloso e ama chocolates e que adora pizzas com pimentos e chouriço.
Em aventura ao Europa Park percebi o quanto ele é o meu "yang" e extrovertivo, o equilíbrio daquilo que eu não sou, ou daquilo que a Suíça me roubara, a espontaneidade, o relaxamento, a despreocupação e depois percebi que ele é único, um brincalhão, uma criança grande, especialmente quando deu um encontrão na minha amiga que quase a desmontou.
Vê-lo naquele ambiente que foi a minha casa durante anos, vê-lo na mata de Sauvabelin com um ar de admiração a ver as folhas a cair deu-me tantas certezas.
Isla Mágica. Aqui tive o meu primeiro misto de ansiedade, e quis desculpar-me, deveria ter sido um passeio descontraído. Eu era alguém com uma depressão mal curada que iniciara turnos de noite, um irmão a iniciar uma revolta interior e eu sem saber como lidar com isso, algo novo para mim. No meio disto tudo, foi a vez em que ele me apresentou à sua melhor amiga, significou que mereci isso e fiquei super feliz por ele me ter apresentado a ela. Sinto também que este momento o fez desistir de me juntar com ela novamente pois só me deu mais uma hipótese de conhecer alguém quando fui conhecer um casal de amigas dele.
Recordo com saudade aquele rapaz que levei ao Zoo de Lagos em 2016. Nesse dia percebi o seu amor por animais, o querer tocar em todos, a humildade e inocência e isso fez-me admirá-lo ainda mais.
Monchique para mim foi uma fase semelhante a muitas outras pela que passei ou a todas, fase de "aguentar até encontrar melhor", chorei muito por aquelas noites fora, pedi tanto ajuda para a vida me dar algo onde me sentisse bem e motivado. Houve uma altura que fiz rotina a pedir à lua que me desse algo bom. Nessa espera, pensei que ele fosse desistir de mim, mas não, esteve sempre comigo, sempre a encaixar horários sem desistir, sem se importar. Esforcei-me o máximo que pude e o meu máximo resumia-se a dormir menos quando ele estava livre, a trocar sonos quando ele dormia comigo, e funcionava porque ambos lutávamos para tal.
A lua finalmente ouviu os meus pedidos e a minha chamada teve o infortúnio de coincidir com os fogos da Serra.
Recordo os passeios aleatórios. Sagres, naquela primeira ida a Sagres, onde fomos ver o pôr-do-sol, sentámo-nos e os nossos pés cruzaram, gravei o momento, senti que estavamos a criar algo os dois. Esse momento marcou-me pois senti que ele sentia o mesmo e a reciprocidade muito pouco senti na vida e pensei ali que ele iria ser diferente de tudo o que me tinha feito sofrer até então. Decidi colocar essa foto no meu quarto para me lembrar todos os dias do quanto ele me queria e do quanto ele me fazia sentir bem e descansado. Aquele cruzar de pés foi também o momento em que em redes sociais, indiretamente, eu dava a conhecer que não estava mais disponível e estava feliz.
Publicar algo em redes sociais, sem indicar nada, foi sempre uma sensação agridoce, pois senti-me sempre mal por ele nunca me ter mostrado no seu mundo social. Ao invés disso, tive sempre de ir esmagando a auto-estima, sempre que aparecia no meu "feed" que ele adicionava alguém nas redes sociais, e quando eu ia ver, só encontrava <3 nas fotos desses rapazes, coisa que eu conto pelos dedos de uma mão que ele tenha feito em mim. Ainda assim, achando isso errado, traidor e desumano para comigo, pois em breve, não só eu veria isso como aqueles da minha vida que ele ia conhecendo e ligando com ele nas redes sociais, e eu escolhi fechar os olhos a esse ciúme. Eu nunca pude ter ciúme com ele, ainda que sempre o tenha tido e isso me tenha magoado e feito chorar incontáveis vezes; mas exprimir-lhe algo verbalmente nunca veio sem ele explodir comigo e logo desde muito cedo decidi que os meus ciúmes teriam de ser silenciosos na nossa relação.
Desde muito cedo percebi o gosto dele por um bom doce e leveza com que o pedia onde quer que estivesse, era algo que tínhamos em comum, ser gulosos e sem peso na consciência. Senti que isso se foi perdendo com o meu aumento de peso, senti-o visivelmente, que muitas vezes ele evitava comer algo para eu não comer ou para alertar a minha consciência, mas só me pesou ainda mais na minha auto-estima. Ficarão sempre na minha memória todos os nossos jantares, todos os nossos doces, as idas ao "Chocolate", ficarão sempre os presentes doces que me deu desde os frascos de Nutella personalizados e através dos quais recebi um dos poucos "amo-te" em sete anos. Recordarei sempre as embalagens cheias de pastilhas Gorila, os "Lucky Charms" que procurou especificamente para mim e eu devorei até à exaustão, como ele bem sabia que eu fazia com tudo. Os brigadeiros que muitas vezes me trouxe, embora, na maioria das vezes tenham sido brigadeiros extras que fazia num conjunto que iria dar a alguém. Comida saudável foi imensa, comida não saudável ainda mais, mas nós sempre adorámos assim. Deixo memorizado um ovo Kinder que fez questão de me oferecer em Almada, uma outra forma de me dizer "Amo-te" que vinha gravado no ovo.
Faço um "fast forward" para todos os meus aniversários, data à qual não dou importância mas que ele fez sempre questão de me marcar o dia com algo simples e sinalizando que se lembrava de mim e isso criou uma espécie de tradição, na data ou à posteriori havia sempre um bolo de ambos para o outro, pequeno ou guloso, só pelo simbolismo. Claro, não esquecendo, o primeiro dos aniversários onde me deu uma rosa vermelha e um ramo de gomas.
Provavelmente ele não se vai lembrar dos meus presentes, mas está tudo bem.
Numa dessas aventuras de comer, a Rota dos Petiscos, foi onde ele me deu a conhecer a mais uma amiga, a única que depois ainda veio jantar connosco tempos depois a minha casa. Espero que ele guarde essa amizade, pois foi constante e é uma boa amiga.
Dublin: Chegou talvez a primeira viagem em que aceitei sair da minha zona de conforto e ir em "low budget", hostel, pequeno-almoço caótico, beliche, não estava habituado a estas condições, tomar banho em casa de banho comum não gosto. Ele equilibrou esta viagem com bons momentos, noite aconchegada, estivemos zen, sem ansiedade, concordámos nos pontos turísticos, bebemos Guiness, quase fui mijado por um tigre, corremos e rimos com passadeiras com sons estranhos. Sem nada de grandioso, Dublin ficou no meu Top 5 2017.
2017 teve mais bons momentos, ele presenciou o eu alcançar o meu objetivo de comprar um carro, ainda que me tivesse sempre lembrado do mau negócio e de o estar a pagar. Estávamos no 2º ano de Pokémon Go, algo que adorava ter em comum com ele até 2022, e isso trouxe-nos incontáveis aventuras, passeios, visitas e também levou bastante da intimidade que poderíamos estar a ter nos nossos momentos ao invés de jogar, mas ambos aceitámos isso. Armação de Pêra virou circuito de passeio, Lagos virou circuito de passeio, Portimão e Silves viraram circuito de passeio; andámos em Faro, até no Alentejo navegando pelas minhas memórias que partilhei com ele.
Por esta altura ele já conhecia e fazia parte da minha família, mãe, irmãos e tia, que o adoraram da mesma forma que eu e viram a luz que era na minha vida. Por esta altura também esteve ali para mim em 28.08.2016 quando perdi o meu avô.
2017 podia ter acabado melhor mas um dito passeio a Mértola e Pulo do Lobo daria início ao primeiro passeio com um ponto negativo. Lamento. Lamento ter pensado que iria aguentar uma dieta e um percurso de acesso errado ao Pulo do Lobo, uma temperatura má e assustei-me imenso, pensar que não chegaria ao carro e que iria desmaiar ali, sem ele ter força para me ajudar. Assumo e assumi sempre a culpa, tentei remediar-me ainda durante o passeio, usei o que me restava de energia para ir à Mina de São Domingos, jantámos e ficámos num hotel lindo com uma vista linda e pequeno-almoço, mas isso já não salvou a nossa intimidade nem a opinião dele sobre o passeio e foi sempre o seu ponto de referência a lembrar sobre a viagem.
2018 chegou e para mim mostrou-se um ano de aprender a lidar com a minha ansiedade ou de alguma forma tentar superá-la. Adorei termos começado o ano no Mármoris Hotel em Vila Viçosa, foi uma escapatória merecida, se bem que acho que por esta altura começámos a dar abertura a ter saídas sem intimidade, e isso prejudicou-nos. Foi um ano desesperante para mim pois estava a bater o fim de dois anos a fazer turnos de noite em Monchique e estava desregulado, ansioso e abatido. Tivemos muitos passeios nesta altura, Sintra foi um deles, mágico, um que fica na minha memória e claro, o concerto do Sam Smith. Sabem, este ficou no meu Top 5 de concertos, o romantismo, o não haver ansiedade da plateia, aceitámos um equilíbrio na condução, eu levar o carro até onde me sentia confortável e depois nem me importava de fazer o regresso. Para mim foi uma vitória, mas ele apenas retia o facto de eu não me estar a arriscar o suficiente a conduzir onde não estava confortável e desconsiderava por completo que eu não o fazia para não dar abertura a um ataque de ansiedade.
Eu juro que pensei ter controlo sobre a minha ansiedade a certo ponto e juro que achei que ele fosse o remédio para o que me faltava curar.
Chegou Roma, fomos separados no voo, parecia um presságio, ia esperançoso ainda assim. Acreditem que tenho Roma no meu Top 5, sei que tive a minha ansiedade, a única vez que ela se manifestou nesta viagem ele agarrou-me na cara, ajudou-me a concentrar e isso fez-me um "click" instantâneo. Era esta a solução que buscava. Pergunto-me agora se a solução para os meus ataques de ansiedade não seria apenas a sua compreensão, empatia ou atenção.
Roma foi bom para mim, ele confiou em pleno no meu roteiro e isso ajudou a resultar, comemos bem, apanhei a Celebi (um pokémon raro e lendário) no Vaticano, estavamos cumplices. Estávamos, até eu sem malícia ou pensar ou intencional ter atravessado a rua por não me sentir confortável com a direção que estavamos a ir devido à presença de um grupo de pessoas de cor e esse seu desagrado ser agora a visão que ficou memorizada para si em Roma.
Aqui começaram os "flash-back's" dos maus momentos sempre que em conversa vinham os nossos passeios "ah e tal o Pulo do Lobo"..."ah e tal medo de pretos"... fui sempre abaixo com todos eles. Mas sabem, naquela Fontana di Trevi pedi para aos céus quando atirei a moeda para ele me olhar com aquela admiração inicial, pedi para ele não me deixar nem desistir de mim "no matter what", pedi ali e em toda a vela de aniversário que mordi, em toda a estrela cadente e oportunidade de desejar ou sonhar algo que eu tive.
Se eu achei que 2018 tinha sido preenchido e estava a melhorar na ansiedade e poderia vir a equilibrar o físico com a saída de Monchique, não sabia o quanto 2019 iria ser preenchido.
Em 2018 começo a nova aventura no HPA, no meio de crises de pânico, ansiedades, consegui prevalecer sobre elas e ignorar o choque que passar de repente das noites para o dia estava a provocar em mim. Sabem, neste ano tive muitas entrevistas desesperantes que me faziam não dormir para poder tê-las, surgiram-me muitas ideias de trabalho a partir de casa que eu já achava que iria ser a minha única solução. O mercado de trabalho estava mau para a mudança que eu precisava, mas consegui, uma vitória e tenho vindo a descobrir diariamente que é o trabalho que me faz sentir feliz... talvez hajam outros por aí por descobrir, mas este eu sei que independentemente das dores de cabeça, tempo e frustrações, me faz feliz; mas ele também nunca entendeu isso a 100% e fez sempre questão de manifestar o seu desagrado com horários ou trabalho extra que eu fazia.
Mas eu estou orgulhoso do que evoluí num curto espaço de tempo apesar de ninguém me parabenizar por isso.
Sabem, as pessoas vêem uma vitória mas lembram-te sempre do que ainda tens para alcançar na vida em todos os campos para que nunca possamos saborear aquele momento.
Edinburgh - The Highlands - Inverness, Top 5 de viagens, amei tudo o que envolveu este clima, paisagem, cidade, este foi um passeio inspirador para o qual dei o máximo de mim, acreditem, dei mesmo. Esta viagem veio abrir um precedente para os nossos passeios, o de "ver muito num curto espaço de tempo", o que fez sempre que sacrificássemos a nossa intimidade devido à exaustão, fez com que eu sacrificasse as unhas dos meus pés para uma subida com falsas promessas (a de que iriamos assumir a relação) que em brincadeira de fracasso meu, acabou por não a cumprir.
Ainda assim, adorei cada paisagem, cada rua, cada referência Harry Potter (especialmente o cemitério). No cimo daquele vulcão extinto onde ele fotografava e procurava pokémons eu ousei sentar-me para recuperar da ansiedade e ousei sonhar. Não sei se o percurso vencido me deixava pedir um desejo mas pedi o mesmo de sempre, pedi-o a ele, que me visse no meu todo e não me abandonasse.
Inverness e as Highlands foram plenas de misticismo apesar da sua frustração de não termos chegado a tempo do passeio de barco, juro que dei o meu melhor na programação e também fiquei triste por isso.
Curiosidade nesta viagem, reparei que algumas vezes quando me tirava selfies, ele aparecia-me ao lado de surpresa para me beijar na foto... memória confortável.
Spice Girls, sei que ele não gostou do "outcome" e tem muito a dizer, mas para mim, gostei, sei que seria possível para mim ter ficado na plateia em pé pois visto de cima até não estava cheia, mas com a exaustão que o corpo já tinha, o lugar que tive deu-me uma boa memória de tudo. Lembro-me de passar frio devido à roupa que escolhi.
Mísero descanso de aventura e lá vamos nós a Frankfurt, sem nada ter para ver a não ser a Pink. Paris deveria ter corrido como Frankfurt, e todas as outras. Ir sem planos por vezes é um bom plano e Frankfurt, do ponto de vista turístico, não ter planos resultou. Caminhadas, calor infernal, sightseeing bus, cumplicidade, compreensão (duas coisas que ele tinha para comigo quando via que eu já estava a chegar ao meu limite). Não me lembro de discutirmos a não ser na espera do concerto. Tudo correu bem, exceto o que as consequências disso tudo provocaram no concerto, extremas dores, sede, e acho que isso virou tradição em concertos da Pink, dores nos pés, no entanto, concerto excelente e uma experiência incrível.
Estas duas viagens provocaram em mim um sentido de impotência e afastamento de intimidade, eu comecei a deduzir que realmente eu estava a ficar desinteressante para ele. Comecei caminhadas aleatórias, também para entender o que queria para mim.
Gostava de ter partilhado esse objetivo com ele mas os seus horários e as deslocações que isso iria acarretar nunca permitiram que eu me motivasse com ele para caminhar o necessário, ainda assim fí-lo algum tempo. Apesar de ele apenas recordar quando eu deixei de o fazer.
Continuámos com os nossos pequenos passeios. Lembro-me de ele apanhar um Articuno (um pokémon) e o fotografar nas falésias de Sagres e era algo que nos deixava juntos.
Revenge of the 90's, Top 5, amei o concerto, gostei de ter ido com ele, é um concerto que era a nossa cara, a nossa onda de memórias de infância ali partilhadas a dois. Senti-me bem.
Bonnie Tyler. Ainda não tínhamos acabado a nossa vaga de concertos 2019 e esta ainda nos deu mais um momento a dois, na areia, ao luar na praia, foi lindo... ainda que a senhora tenha "dado o máximo da sua voz"... gostei!
2019 acabaria a sua digressão com Backstreet Boys DNA Tour. Confesso que ía super apreensivo, ía nervoso porque o misto da condução tinha-o chateado um pouco, o almoço e fluxo de pessoas não me deixavam confortável, a fila enorme ao sol, em que fiquei algumas vezes sozinho para ele poder jogar não ajudou, e depois lá encontrámos a minha prima e ele conheceu-a, e isso distraiu a minha ansiedade que só despertaria depois ao ele tentar atravessar a plateia para ficarmos à frente como ele sempre gostava de fazer. Isso levou-me ao rubro e tive de me concentrar imenso. Nesse momento houve o 2º momento de empatia na nossa relação no que respeita a minha ansiedade, ele pediu-me para respirar, deu-me um lenço e eu voltei ao normal e adorei o concerto todo. Amei mesmo!
2020. O ano em que eu estava perdido interiormente, não sabia o que fazer a nível de elevar a relação, tivemos mais passeios, muita distância com o início da pandemia, ainda assim eu prevaleci sem covid, independentemente do distanciamento inicial que tivemos.
Ainda assim, com o Covid a chegar ainda conseguimos começar um passeio no início do verão.
Gibraltar. Para mim foi um bom passeio. Fui com plena consciência dos meus limites, fui a conduzir para agradá-lo embora na cidade tenha sido vencido pela ansiedade e ele tenha tomado as rédeas. Ele refere que foi nas noites de Gibraltar que algo o magoou... eu não tinha conhecimento da gravidade da situação. Para mim, todo o passeio foi magicamente frio, as montanhas, o pico, paisagens, o medo dos macacos, o teleférico, o irmos ao extremo avistar Ceuta no outro continente. Amei! Mas aqui comecei a ver um rapaz que estava apenas a aproveitar o momento e o passeio e não estava mais para mim. Este rapaz iniciava aqui uma presença que parecia apenas por obrigação.
Ronda - Teba. Demos hipótese a mais uma saída, porque para ele férias são para ter planos. Lugares igualmente mágicos, memoráveis e este no meu Top 5. Adorei o misticismo, a paisagística, percebi que "road trips" seria algo que não me importava de alinhar. Continuámos distantes intimamente naquilo que já era um ramadão. Eu atribuo as culpas apenas a mim, à minha baixa auto-estima, mas também senti que ele não me desejava mais, eu queria acreditar que sim, porque continuou sempre presente, mas no fundo eu sentia.
Decidi sugerir Granada e preparar a viagem em "road trip" até porque do ponto de vista de organização funcionava. Amei toda a aventura, amei o passeio, as visitas e memorias criadas nesta viagem. Aqui percebi, no momento em que lhe parti o telefone, que ele tinha desistido de se chatear, vi isso porque já nem se dava ao trabalho de tirar fotos comigo. Dava com ele muitas vezes a tirar "selfies".
Para ele, eu nunca fiz parte do seu mundo social em sete anos. Mesmo quando tardiamente decidia publicar algo sobre as viagens, não havia nem rasto de mim nas fotos. Seria uma desculpa para me excluir? Nunca saberei.
Granada tinha uma mensagem no quarto à nossa espera "Si sus pies le han traído, es porque su corazón ya estaba aquí" e ele estava comigo.
Nesse ano tentei esforçar-me com alguns passeios, caminhadas e bicicleta mas a motivação já tinha escasseado, não via sentido sem ele puxar por mim ou desejar-me, erro meu, não deveria precisar disso para me motivar e aquele passeio mágico à Cascata do Barbelote teve um regresso quase semelhante ao Pulo do Lobo.
Sabem, nestes anos tive a sorte de ele se integrar na minha família, de ser bem recebido e adorado por aqueles que mais me importavam e isso para mim, que nunca tinha apresentado ninguém, foi uma das maiores vitórias da nossa relação, e uma dessas pessoas, a minha avó, a minha segunda mãe aceitou-o mesmo sem serem precisas palavras entre mim e ela, e ao aceitá-lo, aceitou-me e deu-me a sua benção e mostrou-o através de gestos. Por isso, eu terei sempre um lugar especial para ele no meu coração, porque ele foi o que ela aceitou.
2020 levou-me esta mãe e tanto ficou e está por dizer; tanto ficou por fazer mas isso é outro defeito meu com o qual ainda não aprendi a lidar.
Lamento não o ter conseguido manter interessado e com isso dececionado a minha avó que "no matter what" manteve-se o exemplo de relação fiél uma vida inteira, a única que tive. Este ano foi de perda e afastamentos.
2021 penso ter sido o começar a entender que não valia a pena lutar porque ele não queria, ele estava nitidamente a desistir de mim. Senti aqui principalmente a nível de jogo, aquela semelhança que sempre nos juntou e aventura que começámos juntos estava agora a perder-se e senti cada afastamento, motivo esse que me fez desistir do jogo, lentamente, senti que não fazia sentido e chegou até a ser doloroso de jogar. Ainda nos mantivemos no esforço reduzido.
Caminito del Rey acabou ficando no meu Top 5 mas que não acho que ele tenha valorizado. Ainda tivemos também dois concertos no teu Top 5, Anastasia e Dua Lipa, mas nada conseguia fazer rejuvenescer-lhe o interesse por mim e 2021 acabei por focar-me mais a nível profissional acabando por ser reconhecido pelo meu mérito.
Sabem... o único que sempre gostaria de ter impressionado com a minha evolução profissional era ele... sempre o coloquei em primeiro, apesar de tudo, mas começou a colocar entraves aos meus trabalhos extra, chamadas e mensagens sem que isso devesse ser um problema; não deveria mesmo porque sempre foi minha prioridade e quando tardiamente me disse que isso o incomodava eu parei de o fazer.
Chegou 2023, Paris nunca devia ter acontecido, como ele mesmo afirmou, qualquer discordância entre nós poderia resultar num atrito e Paris sempre foi o meu sonho a alcançar com ele quando eu achasse que a relação estava no ponto para tal, e estava longe disso. Ainda assim, fomos, e comprou mais um concerto, Pink, um que não havia a necessidade de ir, e eu romântico parvo, fui para não deixá-lo ir sozinho para Paris.
Não correu bem... no meio do cansaço habitual massacrante de andar de mais, no primeiro dia agora juntaria o trauma de fazê-lo chorar... Curioso, nunca tinha feito chorar ninguém, mas agora após reflexão das minhas ações, esse choro não terá sido um misto de exaustão de mim!? Presumo que sim, e naquele momento quis desistir de Paris.
Sabem, tinha o objetivo de beijá-lo mil vezes em Paris, fazê-lo acordar e apaixonar-se por mim novamente... sonhador estúpido eu... levei uma chave de um cadeado que outrora tinha trancado o meu coração numa qualquer ponte de Paris e 13 anos depois levo a chave numa ideia simbólica de talvez, jogando a chave ao rio, isso finalizasse a tradição e desbloqueasse qualquer bloqueio em mim ou no meu coração... acho que a magia fez ricochete e foi o coração dele que mais tarde viria a desbloquear.
Neste momento posso dizer, ele foi quem me salvou várias vezes nestes anos, foi quem acreditou em mim, foi quem esteve sempre presente, foi quem me compreendeu, foi quem gostou de mim como eu sou e ousei achar que ia estar sempre aqui para mim, que não ia desistir de mim, perfeitos imperfeitos e é por esse sonho ter sido quebrado que eu choro, por ele já não ser meu, e eu achei que iria ser sempre meu para eu amar e proteger e essa dor é horrível. Mas fico bem por ele ter definido pelo menos esta decisão na sua vida e por estar a fazer coisas que acredita que a vão melhorar, fico triste por não estar presente mas o meu sentimento por ele sera sempre o mais puro e sempre ficarei a torcer pela sua felicidade por mais que eu não esteja nela. Ele é puro. É único e vou amá-lo sempre de forma especial por isso. Eu e a Spears.